Chegando no Nepal - Pokhara

No dia 18/04/2010, vindos de uma longa viagem desde Amritsar, na India, chegamos na fronteira com o Nepal, numa cidade chamada Sunauli. Cruzamos a borda e entramos no lado nepalês da cidade, onde passamos a tarde esperando o horário do próximo ônibus rumo à Pokhara.
Assim, no final da tarde deixamos Sunauli e partimos numa cansativa viagem. O ônibus estava caindo aos pedaços e super lotado de passageiros e cargas. Após uma longa noite mal dormida, chegamos finalmente em Pokhara na manhã de 19/04.
Precisávamos de alguns dias de descanso. E Pokhara revelou-se o lugar ideal para passarmos alguns dias relaxando. É uma cidade tranquila, localizada na beira de um lago, aos pés da cadeia montanhosa do Annapurna, no Himalaia.
Pudemos perceber o quanto a viagem pela India havia sido intensa. E agora precisávamos de algum tempo para recuperar as energias.


Pôr-do-sol no Phewa Tal (lago Phewa), em Pokhara


Depois de uma semana em Pokhara partimos para fazer uma grande caminhada pelo Himalaia, na região do Khumbu. Deixamos uma mochila com as coisas que não iríamos utilizar guardada na pousada onde ficamos, pois após a caminhada voltaríamos novamente para Pokhara. Assim, escolhemos Pokhara como nossa “base”, por ser uma cidade tranquila e gostosa de ficar.
Então, no dia 25/04 deixamos Pokhara de manhã cedo e fomos de ônibus para Kathmandu, rumo ao início da caminhada que íamos fazer no Himalaia.

Nômades

Pensando um pouco a respeito desta viagem que estamos fazendo, vejo que ela é um pouco mais do que somente uma viagem. Uma pessoa que viaja, sai de sua casa para conhecer algum outro lugar, passar algum tempo fora e depois retornar. Porém, o nosso caso não é bem este. Mais do que estar viajando, estamos vivendo como nômades. Não temos residência fixa e também não sabemos para onde vamos depois.

Um ano e oito meses atrás, deixamos nossos trabalhos, a segurança e o conforto de uma vida rotineira. Desalugamos nossa residência brasileira, em Porto Alegre, e fomos morar em Barcelona, longe de nossa família e amigos. Não sabíamos quanto tempo ficaríamos vivendo lá. Talvez alguns meses, talvez o resto da vida. Neste tempo que estivemos em Barcelona, dividimos residência com várias pessoas e conhecemos gente de diferentes partes do mundo. Trabalhamos também com coisas inusitadas. Após algum tempo, no entanto, vimos que a rotina novamente estava nos abraçando e que não estávamos totalmente contentes com ela. Desta forma, floresceu o desejo de por o pé na estrada por um tempo. Este ano de trabalho e a vida relativamente simples que levamos nos permitiram acumular algum dinheiro, suficiente para passarmos um tempo perambulando pela Asia, onde, com a conversão das moedas, as coisas são em geral muito baratas. Assim, mais uma vez desmontamos nossa residência, deixamos a Espanha e fomos para a India, onde rodamos por todo o país durante quatro meses e meio. E depois seguimos para o Nepal, onde estamos atualmente.

Não temos residência fixa. Somos nômades. Agora estamos andando pela Asia, onde acreditamos que poderemos seguir por talvez mais um ano conhecendo diversos países. Após isso, ainda não temos a mínima idéia de onde vamos. As vezes passa pela nossa cabeça voltar para Europa, ou voltar para o Brasil, ou ir para Australia, ou Nova Zelândia, ou Canada, ou para algum país da América do Sul. Enfim, isto agora é uma incógnita. E também ainda é muito cedo para sabermos.

Levando-se uma vida nômade é difícil prever o dia de amanhã. Não precisamos fazer muitos planos. Aliás, é inútil fazer planos distantes, pois as coisas estão constantemente em mudança. Cada dia é um novo dia. Não há rotina. Devemos simplesmente seguir o caminho do coração, o caminho que nosso coração manda seguir neste exato momento.

A vida nômade proporciona algumas grandes experiências. É uma bela escola. As experiências são “exteriores” e também “interiores”. Aliás, acredito que são principalmente “interiores”. Sinto que a viagem é muito mais por dentro de nós mesmos do que realmente pelos lugares todos por onde estamos passando.

As experiências “exteriores” são claramente evidentes: Estamos constantemente conhecendo novos lugares, outras culturas, pessoas, diferentes maneiras de viver e exergar o mundo. Porém, as experiências “interiores” são as mais gratificantes. A viagem por dentro de si mesmo é em torno do auto-conhecimento. Neste caminho, aos poucos podemos conhecer e desvendar mais o que há dentro de nós. E esta viagem “interior” é muito mais grandiosa e longa do que viajar por toda a India, por toda a Asia, ou até por todo o planeta. É uma verdadeira jornada, uma enorme odisséia.

Estamos viajando num ritmo bastante lento, sem pressa, sem correria. Paramos vários dias num mesmo lugar, o que dá tempo de assimilar mais as coisas, e também intensificar o aspecto “interior” da viagem e destas experiências. Assim, temos muito tempo também para ler, pensar, refletir. E quando sentimos que é hora de partir, colocamos as coisas de volta na mochila e seguimos viagem.

Um aspecto interessante da vida nômade é a minimização das posses materiais. Há uma evidente limitação física, que impede o excesso. Andamos somente com o que cabe na mochila. E logo percebemos que isso é mais do que suficiente para viver. A experiência nos mostra que de fato não precisamos de muito.

Outra lição importante é o exercício da flexibilidade e da adaptabilidade. Estamos em constante mudança. Por onde passamos, conhecemos outras culturas, diferentes valores, diferentes hábitos. E temos que ser flexíveis: Compreender as diferenças e nos encaixar. Temos que nos adaptar. Porém, sem nos apegar. Pois o dia de amanhã nos reservará novas mudanças.

E se nos perguntam se vamos levar esta vida nômade para sempre, a resposta é: Não sabemos. Pode ser que sim. E também pode ser que não. Pode ser que daqui algum tempo encontremos um lugar que nos abrace, que nos motive a fixar fisicamente. Mas certamente as lições adquiridas neste período nômade estarão sempre presentes. E acredito que o espírito viajante, explorador, desbravador, deva permanecer. Nem que ele se volte totalmente para dentro. Pois a viagem “interior” sempre continuará.

India - Resumo

Nestes 4 meses e meio de viagem pela India, fizemos um grande giro por todo o país, passando pelas seguintes cidades e lugares (Obs.: entre parênteses está indicado o estado):

Mumbai (Maharashtra)
Ilha Elefanta (Maharashtra)
Aurangabad (Maharashtra)
Ajanta (Maharashtra)
Ellora (Maharashtra)
Arambol (Goa)
Mapusa (Goa)
Querim (Goa)
Anjuna (Goa)
Panaji (Goa)
Old Goa (Goa)
Hampi (Karnataka)
Anegundi (Karnataka)
Badami (Karnataka)
Aihole (Karnataka)
Gokarna (Karnataka)
Cochin (Kerala)
Munnar (Kerala)
Trivandrum (Kerala)
Neyyar Dam / Sivananda Ashram (Kerala)
Kovalam (Kerala)
Madurai (Tamil Nadu)
Trichy (Tamil Nadu)
Pondicherry (Tamil Nadu)
Auroville (Tamil Nadu)
Mamallapuram (Tamil Nadu)
Chennai (Tamil Nadu)
Gaya (Bihar)
Bodhgaya (Bihar)
Varanasi (Uttar Pradesh)
Satna (Madhya Pradesh)
Khajuraho (Madhya Pradesh)
Agra (Uttar Pradesh)
Ajmer (Rajasthan)
Pushkar (Rajasthan)
Jaisalmer (Rajasthan)
Jodhpur (Rajasthan)
Haridwar (Uttarakhand)
Rishikesh (Uttarakhand)
Dharamsala (Himachal Pradesh)
McLeod Ganj (Himachal Pradesh)
Bhagsu (Himachal Pradesh)
Dharamkot (Himachal Pradesh)
Pathankot (Punjab)
Amritsar (Punjab)
Gorakhpur (Uttar Pradesh)
Sunauli (Uttar Pradesh)


Caminho da nossa viagem até o Nepal

Comidas da India

Durante nossa viagem pela India tivemos a oportunidade de experimentar alguns deliciosos pratos indianos. Os temperos são muito marcantes e a pimenta é extremamente picante. A India é muito rica em especiarias. A pimenta forte, o gengibre, a canela, o cardamomo e o cominho são apenas alguns das diversas possibilidades de deixar uma comida deliciosa. Quando a combinação de temperos é bem dosada, transforma a simples comida diária em verdadeiros manjares. E isto é uma especialidade indiana, fazer de cada refeição um grande evento gastronômico.
Grande parte da população indiana é vegetariana, então para nós foi perfeito, pois tínhamos muitas opções de restaurantes.
No começo da viagem estávamos um pouco cautelosos com o que comíamos, mas logo no terceiro dia de viagem conhecemos um casal, ele da India e ela da Nova Zelândia, que nos convidou para um jantar em um restaurante de comidas indianas. Eles nos apresentaram o “Palak Panner” e o “Dal Fry”, e nós amamos. Então, a partir daí, começamos a experimentar e apreciar de tudo.
Esta postagem mostra algumas comidas indianas e outras de outros lugares do mundo, mas que são muito comuns por toda a India. É claro que as imagens são bonitas, mas nada retrata o delicioso sabor...
Só de escrever sobre este assunto já estou com água na boca. E quero sair logo pra jantar.


Palak Panner
É um creme de espinafre muito bem temperado com as especiarias indianas e com cubinhos de queijo mergulhados.
Palak – espinafre
Panner – queijo (parecido com queijo de Minas)

Dal fried
É uma lentilha cozida e depois frita com cebola, tomate, pimentão e várias especiarias.
Dal – lentilha
Fried – frito

Vegetable fried rice
Arroz cozido e frito com vegetais.

Esta foto foi tirada na cidade de Pondicherry.


Este é um Dal Fried deliciosamente temperado que comemos em Mamallapuram.


Este Vegetable Fried Rice (arroz com vegetais) foi em Pushkar.


Aloo Gobhi
Batatas e couve flor cozidas em um delicioso molho temperado com masala (diversas especiarias indianas, entre elas pimenta, canela, cravo, gengibre, etc...)
Aloo – batata
Gobhi – couve-flor
Esta foto foi tirada na cidade de Bodhgaya.


Palak Panner, Arroz, Aloo Gobhi e Chapati (pão indiano). Em Arambol, Goa.


Panner Masala
Cubinhos de queijo fritos e depois mergulhados em um delicioso molho temperado com masala.
Masala – uma mistura de diversas especiarias indianas, entre elas pimenta, canela, cravo, gengibre, etc.
Panner – queijo indiano (parecido com queijo de minas)
Este prato tivemos a oportunidade de ver o cozinheiro preparar na cidade de Pushkar.


Veg. Pakora
São vegetais empanados e fritos. Servido com molho de hortelã.
Este prato provamos na praia de Arambol em Goa.


Channa Masala
Channa (grão de bico), com um molho temperado com masala.


Masala Dosa
Comida tradicional no sul da India. É uma espécie de crepe feito com massa de arroz, que tem uma consistência crocante e é recheado com batatas temperadas com masala. Geralmente acompanhada com Curd (molho de iogurte).
Esta foto tiramos na cidade de Trivandrum no sul da India.


Masala Dosa em Hampi


Comida do Ashram Sivananda em Trivandrum.


Malai Kofta
Bolinhos de batatas recheados com castanhas (ou amendoas) e romã (ou passas de uva), com molho cremoso de panner (queijo indiano), iogurte e masala.
Este prato tivemos a oportunidade de ver o cozinheiro preparar na cidade de Pushkar.


Vegetable Kofta
É muito parecido com Malai Kofta, a única diferença é que o bolinho é feito com vegetais.


Veg. Thali
Thalis são os pratos feitos, muito comuns em toda a India. Podem variar as combinações dependendo do restaurante. Geralmente é servido com chapati, arroz, alguns vegetais refogados, lentilha, molho de iogurte, etc..
Este Thali servido em folha de bananeira foi na cidade de Hampi.


Vegetable Sizzler
Este prato não é indiano, mas é muito comum nos restaurantes de toda India.
Quem olha este prato jura que é um pedaço de carne, mas se engana...
Geralmente o sizzler não é vegetariano, mas na India é bem comum a opção vegetariana. O sizzler é servido em uma chapa ou pedra extremamente quente, por isso a comida chega na mesa ainda em processo de cozimento.
A opção vegetariana acompanha um enorme “bife” de vegetais, batatas, verduras ou arroz. Algumas vezes servidos em folhas de repolho e outras direto na chapa quente.
Esta foto foi em Rishikesh.


Vegetable Sizzler em Bhagsu, Dharamsala


Veg. Burger
Pão com hamburguer de vegetais e salada. Este foi na cidade de Varanasi.


Paratha
O Paratha do estado de Kerala é diferente do resto da India. Em Kerala é feito com massa folhada. Esta foto tiramos em Munnar.


Vegetable Momo
É uma comida tibetana muito comum na India. São pequenos “pastéis” com massa de farinha recheados com vegetais cozidos no vapor.
Mas existem também outros tipos de momos, com diversos recheios.
Este da foto foi na cidade de Hampi, mas também é muito comum em Dharamsala, no norte da India, onde vivem muitos tibetanos.


Thali que comemos em um restaurante ayuruvédico em Rishikesh.


Bagled
Pastel tibetano recheado com vegetais.
Este provamos em McLeod Ganj, Dharamsala.


Thenthuk
Sopa tibetana com vegetais, macarrão (em fita), cogumelos, tofu e ovo. Provamos em McLeod Ganj, Dharamsala.


Mc Veggie
Menu vegetariano do Mc Donald’s, em Mumbai.


No restaurante Sai Baba Garden em Pushkar, onde tivemos uma aulinha rápida de culinária indiana e aprendemos a cozinhar Malai Kofta e Panner Masala.

Trabalhadores da India

Na India o trabalho informal é responsavél pelo sustento de grande parte da população. O crescimento populacional das grandes cidades e o desemprego são grandes responsávéis pelo aumento desse tipo de trabalho.
A ausência de suporte social, faz com que as pessoas busquem alternativas para sobreviver. Geralmente um cidadão indiano trabalha desde a infância até seus últimos dias de vida.


Vendedor de flores em Varanasi


Costureiro em Pondicherry


Passador de roupas trabalhando na calçada de Pondicherry


Vendedora em um pequeno quisoque em Aihole


Vendedor de pujas (oferendas) em Madurai


Vendedora de cenouras em Munnar


Feira em Mapusa, Goa


Vendedora de bolsas em Mapusa, Goa


Vendedora de fantoches em Hampi


Grande parte da população indiana trabalha desde criança até seus últimos dias de vida. Senhora vendedora em Madurai.


Vendedoras de pujas (oferendas) e vendedora de bananas em frente um templo em Hampi.


Feira em Badami


Menino vendedor de flores em Mapusa, Goa


Senhora comerciante na feira de Badami


Pequena vendedora de flores em uma rodoviária, no caminho para Gokarna.
O trabalho infantil na India é muito comum. As crianças geralmente contribuem para o sustento da família.


Mulher trabalhando na reforma de um templo em Hampi.
As mulheres na India pegam no pesado mesmo. Nas obras é muito comum de ver mulheres trabalhando.


Limpando o pátio de um templo em Hampi


Vendedora de pepino em um templo em Mamallapuram.
Os indianos têm o hábito de comer pepino como se fosse uma fruta. Existem vendedores de pepinos por todas as partes.


Vendedora de frutas em Mamallapuram


Barbeiro trabalhando embaixo de uma árvore em Bodgaya


Cabelereiro rapando a cabeça de seu cliente, para ritual de purificação, nas margens do Rio Ganges em Varanasi.


Senhora vendedora de flores em Varanasi


Desenhista e aquarelista nas margens do Rio Ganges em Varanasi


Vendedora tibetana fazendo tricot em McLeod Ganj, Dharamsala


Feira em Bodhgaya


Costureiro em Khajuraho


Vendedora de especiarias na feira em Khajuraho


Mulher pintando nas ruas de Pushkar


Cozinheiro em bar de calçada, em Pushkar


Pintora tibetana de mandalas em McLeod Ganj, Dharamsala.


Vendedora em Bodhgaya


Vendedora de pulseiras em Jaisalmer


Vendedora de colares em McLeod Ganj, Dharamsala


Vendedor de caldo de cana em Amritsar


Vendedor de chapati e samosa


Vendedora de pujas (oferendas) nas margens do Rio Ganges em Varanasi


Vendedora de flores em frente ao templo de Bodhgaya


Barbeiro nas margens do Rio Ganges em Varanasi