Despedida da India e viagem de volta ao Ocidente

No dia 29/01/2011 chegamos em Delhi, depois de ter passado a noite viajando de ônibus desde Pushkar. Tinha acabado de amanhecer e o ônibus nos deixou próximo da Old Delhi Train Station. Pegamos então um rickshaw, que nos levou até Main Bazaar Street, onde há uma enorme concentração de hotéis básicos. Nos instalamos em um hotel e descansamos um pouco da longa viagem. Era nosso último dia na India. E também nosso último dia na Asia. Apesar do cansaço físico, aproveitamos para passear um pouco, caminhando pelas ruas.

De noite, por volta das 23:00, pegamos um taxi até o aeroporto, com uma boa margem de segurança no horário, pois nosso vôo era somente às 4:00. Mas queríamos evitar problemas, já que na India é comum haver imprevistos. No entanto, felizmente deu tudo certo. Tivemos apenas um pouco de dificuldade para entrar no aeroporto, pois não havíamos imprimido nossos bilhetes e os indianos só deixam entrar no aeroporto quem está com a passagem em mão. Pequeno stress básico... Mas depois falar com vários guardas da segurança do aeroporto, um deles aceitou que mostrássemos os bilhetes eletrônicos na tela do nosso laptop. Finalmente entramos. Fizemos o check-in e ficamos esperando o horário do nosso vôo, lutando contra o sono.

Assim, por volta das 4:00 da madrugada de 30/01 deixamos a India e embarcamos rumo à Moscou. E em Moscou trocamos de avião e pegamos um vôo para Barcelona, onde chegamos no início da tarde. Havíamos passado 1 ano e 2 meses viajando pela Asia. E agora estávamos de volta no Ocidente. Parecia que vínhamos de outro mundo. Chegar em Barcelona nos trazia a sensação de estar chegando “em casa”, embora Barcelona agora já não fosse mais a nossa casa. Mas a cidade ainda nos era bastante familiar, por já termos vivido aí. E era boa a sensação de estar chegando em um lugar conhecido.

No entanto, ainda continuávamos nômades, sem lar. Nos próximos dois meses íamos continuar viajando: Primeiro com minha família, pela Espanha, França e Itália; e depois com a família da Deise, pela Espanha e Marrocos. Portanto, a jornada continua!


Algumas recordações da India: Adoramos o suco de manga Maaza.


Algumas recordações da India: A sujeira. Este balde de lixo estava no corredor do nosso hotel, em Delhi. Os indianos tem o hábito de mascar fumo e cuspir. Eles tentam cuspir no balde de lixo, mas erram a pontaria e acertam na parede. E a parede fica neste estado lamentável.


No aeroporto de Delhi


No aeroporto de Moscou

Pushkar - India

Depois de passar a noite viajando de trem desde Haridwar, desembarcamos em Ajmer na manhã de 22/01/2011. Pagamos um tuk-tuk para nos levar da estação de trem até a rodoviária e, então, pegamos um ônibus para Pushkar. Em cerca de uma hora de viagem chegamos no terminal de ônibus de Pushkar, onde várias pessoas tentavam nos convencer para ficarmos em suas pousadas. A competição é dura. A princípio iríamos ficar no mesmo lugar onde já tínhamos ficado antes, na primeira vez que estivemos em Pushkar, no entanto, resolvemos ir conhecer uma das pousadas que estávam nos oferecendo. Gostamos do lugar, estávamos cansados e, então, nos instalamos logo para descansar da longa viagem.

Assim, passamos 6 dias em Pushkar: Descansando; Comendo (matando a saudade de alguns restaurantes que gostamos bastante na primeira vez que estivemos lá); Passeando (Pushkar é uma cidade pequena e agradável); e Fazendo compras (queríamos levar algumas coisas para vender em nosso país, e Pushkar é um bom lugar para fazer compras, pois há muitas lojas e fábricas de roupas e diversos artigos indianos). Estávamos aproveitando nossos últimos dias na India (e também na Asia), pois em breve retornaríamos para o Ocidente. E na noite de 28/11 deixamos Pushkar e partimos em uma viagem de ônibus rumo à Delhi.


A cidade de Pushkar e o lago (Pushkar Lake), com seus ghats (escadarias que descem até a margem do lago). Ao fundo, em cima de um morro, pode-se ver o Pap Mochani (Gayatri) Temple. Pushkar é uma pequena cidade de 15 mil habitantes, localizada no estado do Rajastão (Rajasthan), em uma região de relevo acidentado e bastante rochoso. É um lugar de peregrinação para os hinduístas, por seu lago sagrado e por seus templos.


Reflexo da cidade no lago


Vista da cidade de Pushkar do Pap Mochani (Gayatri) Temple, que está em cima de um morro. (A subida se faz por uma trilha de 30 minutos que se inicia perto do terminal de ônibus).


Vendedoras de vegetais nas ruas de Pushkar






Janelas


Vendedora de vegetais


Senhor


Dromedário puxando uma carroça




Pushkar é uma cidade sagrada, onde há vários templos.




Detalhe de pintura em uma casa


Senhor pedindo esmolas e, ao fundo, mulher vendendo vegetais.


Senhora pedindo esmolas


Corantes


Em Pushkar sempre está acontecendo algum festival, comemoração, festa tradicional, casamento, etc, geralmente regados à muita música, pessoas na rua, fogos de artifício e bombas, carroagens, cavalos, ...


...elefantes, ...


...dromedários, ...


...mas principalmente, muita gente, muita música e também muito barulho.




Entardecer em Pushkar


DICAS:
- Nos hospedamos no Hotel Rising Star, que fica perto do terminal de ônibus. Este hotel é de uma simpática e hospitaleira família. O quarto de casal com banheiro dentro custa 200 rúpias (porém, eles fizeram um desconto especial para nós, por 150 rúpias). E na primeira vez que estivemos em Pushkar, em março de 2010, ficamos no Shuban Hotel, onde pagamos 150 rúpias pelo quarto de casal com banheiro dentro. A melhor maneira de saber onde ficar é escolher o hotel ao chegar em Pushkar. Sempre há várias pessoas no terminal de ônibus oferecendo hotéis (e a concorrência entre eles é grande). Então, basta ir conhecer os hotéis sem compromisso, pedir desconto no preço (isso é normal na India), e escolher o que mais te agrada.
- Os nossos restaurantes preferidos, com melhor relação custo benefício, são dois: Om Shiva Buffet Restaurant, que oferece um farto buffet livre de comida indiana por 80 rúpias por pessoa; e o Sai Baba Garden, com um agradável jardim e um ambiente tranquilo para passar algumas horas pensando na vida, e com um delicioso e barato cardápio de pratos indianos (uma refeição custa em torno de 65 rúpias por pessoa, – e não deixe de provar o ‘malai kofta’ deste lugar, que é um dos melhores que já comemos em toda a India).
- Para ver as fotos e ler sobre a primeira vez que estivemos em Pushkar, em março de 2010, clique aqui.
- Um dólar vale cerca de 43 rúpias.

Rishikesh - India

Após passar a noite viajando de trem desde Delhi, chegamos na manhã de 22/12/2010 em Haridwar. O dia estava começando a querer raiar e fazia frio. Saímos da estação de trem e caminhamos até o terminal de ônibus, junto com um casal (um suíço e uma chinesa) que haviam viajado no mesmo trem que nós. Levamos um tempão para descobrir onde exatamente saía o ônibus para Rishikesh. Depois de uma hora de espera e informações desencontradas, conseguimos finalmente pegar o ônibus. Já tinha amanhecido. Após cerca de uma hora de viagem chegamos no terminal de ônibus que está no centro de Rishikesh. De lá pegamos um rickshaw até o High Bank, bairro onde havíamos ficado na primeira vez que estivemos em Rishikesh. Nos hospedamos na mesma pousada e descansamos um pouco da longa viagem. Na outra vez que estivemos lá era alta temporada e a região do High Bank era um lugar agradável para fugir do tumulto. Agora, porém, os poucos restaurantes que tem por lá estavam fechados e só abririam dali uns dois meses, quando iniciasse novamente a alta temporada. Como não estávamos dispostos a ter que ficar caminhando todas as noites (o High Bank fica um pouco afastado) até a área da Lakshman Jhula, onde está a maior parte dos restaurantes, decidimos mudar de hotel. Assim, nos mudamos no dia seguinte.

Nosso grande objetivo em Rishikesh era rever o Prem Baba, um guru brasileiro que conhecemos um ano antes, em nossa primeira passagem por lá. Nestes primeiros dias ele ainda não havia chegado, mas estaria chegando logo, perto do Natal. Após sua chegada, um pouco antes da virada do ano iniciaram os satsangas diários, uma espécie de palestra, onde o Prem Baba fala sobre temas diversos relacionados ao auto-conhecimento e espiritualidade. É muito interessante. E também é muito boa a experiência de estar lá, longe do “mundo cotidiano” e da correria do dia-a-dia, e poder colocar nosso foco exclusivamente nestes temas: Ter todo o tempo do mundo para nos dedicar a olhar para dentro de nós mesmos.

Nossa rotina em Rishikesh resumia-se em participar dos satsangas do Prem Baba todas as manhãs e ter o resto do dia livre para passear, descansar, praticar yoga, refletir, etc. Outro momento especial do dia eram também as refeições, almoço e jantar, quando aproveitávamos para conhecer e provar os vários restaurantes da cidade e saborear a comida indiana, que tanto nos encanta.

Assim os dias em Rishikesh foram passando. E voando. Quase como uma viagem fora do tempo, em um universo à parte.

Tínhamos agendado um vipassana (uma meditação budista de 10 dias) para a segunda quinzena de janeiro em Jaipur, no Rajastão. No entanto, os dias em Rishikesh estavam sendo tão proveitosos que, depois de muito pensarmos a respeito, acabamos cancelando nossa participação no vipassana para poder ficar mais tempo em Rishikesh. Foi uma escolha difícil, mas pensamos que teríamos outras oportunidades para fazer o vipassana, afinal há práticas de vipassana em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil.

E desta maneira nos estendemos em Rishikesh um pouco mais. Até que chegou a hora de partir: No dia 22/01/2011, depois de um mês parados (praticamente “morando” em Rishikesh), arrumamos nossas mochilas e seguimos viagem. Pegamos um rickshaw até o centro e então pegamos o ônibus até Haridwar. Em Haridwar passamos algumas horas esperando na estação, até que chegou o horário do nosso trem. Partimos assim rumo à Ajmer e Pushkar.


O Ganga (como os indianos chamam o famoso Rio Ganges) cruza a cidade de Rishikesh, com a água de uma cor turquesa incrível. Nesta zona o rio termina sua descida das montanhas do Himalaia e inicia um longo trajeto pelas planícies do norte da India.




Satsang do Prem Baba, no Sachcha Dham Ashram.


Prem Baba


O Ganga e, à direita, a Lakshman Jhula (uma ponte para pedestres e motos).


Lakshman Jhula


O macaco sabe abrir a torneira para tomar água!


Rishikesh


Em Rishikesh as águas do Ganga ainda são limpas. Porém, mais adiante o rio já se torna poluído.


Um sadhu tomando banho no rio. O Ganga é sagrado para os hinduístas, por isso sempre há muitos sadhus e peregrinos se banhando no rio.


Os sadhus dedicam-se à busca espiritual, praticam o desapego material, vivem apenas de esmolas e não cortam os cabelos. Alguns eram pessoas que levavam uma vida “normal”, com trabalho, família, etc., e que em algum momento decidiram deixar tudo, para então seguir sua busca. Outros eram simplesmente mendigos que nunca tiveram outra opção na vida. Muitos seguem uma busca sincera. Outros apenas se aproveitam da fé da pessoas para poder sobreviver.


Sadhu




Mulheres peregrinas preparando para se banhar no Ganga.


Passávamos todos os dias por este sadhu, no caminho que fazíamos da pousada até o ashram para assistir os satsangs. Ele sempre nos cumprimentava sorridente. No último dia eu pedi para tirar uma foto dele.










Este sadhu era muito simpático: Estava sempre sorrindo.




Vendedor




Mendigo


Músico cego tocando harmônio na rua.


Sadhus entrando em um ashram.




Sadhu fumando haxixe.


Pôr-do-sol no rio Ganga.


Junto com nossos amigos Ashish e Shankar, donos do Yellow Pepper Restaurant. O Shankar é um ótimo cozinheiro e ensinou a Deise a cozinhar alguns pratos indianos. Em nossa despedida, eles nos deram de presente duas estátuas do Ganesh, deidade hinduísta, conhecido como o “removedor de obstáculos”. Assim, Ganesh nos ajudaria em nossa jornada.


DICAS:
- O trem de Delhi para Haridwar custou 147 rúpias na classe sleeper. Partiu às 22:20, na Old Delhi Train Station, e chegou em Haridwar às 6:20. As passagens de trem podem ser compradas na New Delhi Train Station, no International Tourist Bureau, no primeiro andar do prédio principal.
- O ônibus de Haridwar para Rishikesh custou 23 rúpias. Costuma sair de hora em hora do terminal de ônibus, que está perto da estação de trem de Haridwar.
- O rickshaw coletivo do centro de Rishikesh até o High Bank custou 10 rúpias por pessoa. (Prepare-se para uma árdua negociação).
- O primeiro hotel que ficamos foi o Bhandari Swiss Cottage, que está no High Bank. Lá pagamos 150 rúpias por um quarto de casal, com banheiro dentro. Depois nos mudamos para o River View Guesthouse, onde pagamos 200 rúpias por um quarto de casal, com banheiro dentro. Este está na escadaria que desce da estrada para a Lakshman Jhula. No entanto, há diversas outras alternativas de pousada em Rishikesh, para todos os gostos. A melhor maneira de escolher é sair caminhando, olhando e pesquisando os preços.
- Os satsangas do Prem Baba costumam acontecer diariamente, todos anos, de final de dezembro até início de abril. É gratuito. Para maiores informações consulte o seu site: www.prembaba.org.br
- Para ver as fotos e ler sobre a primeira vez que estivemos em Rishikesh, em março de 2010, clique aqui.
- Um dólar vale cerca de 43 rúpias.